sábado, 13 de novembro de 2010

Visita de estudo ao museu Nacional do Azulejo


1º tecnologia: cerâmica

Escola Secundária Artística António Arroio

Visita de Estudo: Museu Nacional do azulejo

Visita de estudo realizada no âmbito da disciplina de Projecto e Tecnologias


Nome: Catarina Maria
Matos Duarte
Turma: 10º B
N.º 8



Data: 1 de Outubro de 2010
Ano lectivo: 2010/2011

Introdução

 A visita de estudo ao museu do azulejo foi realizada com o objectivo de estudar as várias aplicações e técnicas da cerâmica usadas tanto em Portugal como noutros países.
 Tivemos oportunidade de ver técnicas de cerâmica arcaicas, painéis de azulejo que retratavam imensas situações, decorações de espaços só com a utilização do azulejo, e ainda tivemos a oportunidade de visitar a igreja, o coro, a capela de Santo António e a capela da Rainha D. Leonor e ver os vários estilos e como o azulejo era combinado com o estilo barroco do século XVII.


Antes da visita…
Azulejo em Portugal
 Em Portugal, o gosto pelo azulejo foi assimilado dos muçulmanos, tendo sido introduzido no país desde meados do século XV.
No século XVI, Portugal inicia sua própria produção, sofrendo várias influências das azulejarias Italiana e Flamenga, e mais tarde no século XVII, da azulejaria Holandesa.
 Esta forma singular de decoração, foi utilizada com insistência no revestimento de Igrejas, Palácios, Mosteiros, Fontes e em Casas Senhoriais.
 Desde sempre, o azulejo acompanhou as novas estéticas, passando pelos motivos Arte Nova, pelos revestimentos Art Déco, até à sua plena integração em modernos programas arquitectónicos.

Técnica de azulejo
 A técnica utilizada na execução dos Painéis Tradicionais de Azulejo não difere quase nada da sua origem, no século XV, por isso chamamos Tradicionais, além do estilo do desenho com motivos da cultura e Tradição Portuguesa.  
Consiste no seguinte :
 O desenho a transferir para o Azulejo deve ser passado por papel vegetal com o picotado do desenho (todos os traços e contornos), o qual se passa com uma boneca de pó de grafite.
 Na pintura, fazem-se primeiro os contornos do desenho e depois enche-se com as tonalidades necessárias.
 A cozedura das peças é feita em forno com temperatura de 1000ºC.
 O arrefecimento deve ser executado de forma gradual.
 Para evitar que as peças se colem, estas devem ser colocadas no forno de maneira a não se tocarem, com o auxílio de gazetes.
 Após a cozedura, o vidrado  transforma-se numa camada vítrea, lustrosa e impermeável, onde as cores se fixam, fundindo com este para sempre.


Desenvolvimento da visita 

 No inicio da nossa visita de estudo foi nos mostrado o grande painel de azulejo que pertenceu ao Palácio dos condes de Tentúgal que retrata a grande Lisboa antes do trágico sismo 1755.
Neste painel podem ser vistos vários monumentos de Lisboa antiga como igrejas, palácios, conventos, mercados, fortes.
 De seguida o nosso guia levou-nos para uma sala de seu nome sala das técnicas arcaicas onde observamos alguns azulejos fetos com técnicas arcaicas como a técnica do alicatado (técnica geométrica) que consistia  no revestimentos de pedaços de cerâmica vidrada cortados em diferentes tamanhos e formas geométricas com a ajuda de um alicate. Cada pedaço é monocromático e faz parte de um conjunto de várias cores que pode ser mais ou menos complexo, semelhante ao trabalho com mosaico; a técnica da corda seca em que a separação das cores ou motivos decorativos é feita abrindo sulcos na peça que, preenchidos com uma mistura de óleo de linhaça, manganés e matéria gorda, evitam que haja mistura de cores (hidro-solúveis) durante a aplicação e a cozedura; a técnica da aresta que era a mais simples, em que a separação das cores é feita levantando arestas (pequenos muros) na peça, que surgem ao pressionar o negativo do padrão (molde de madeira ou metal) no barro ainda macio; e, ainda, a técnica da majólica, uma técnica que permite uma pintura directa sobre a peça já cozida. Após a primeira cozedura é colocada sobre a placa um líquido (branco opaco) à base de esmalte estanho, óxido de chumbo, areia rica em quartzo, sal e soda que vitrifica na segunda cozedura. O óxido de estanho oferece à superfície uma coloração branca translúcida na qual é possível aplicar directamente o pigmento solúvel de óxidos metálicos em cinco escalas de cor: azul-cobalto, verde bronze, castanho manganésio, amarelo antimónio e vermelho ferro.
Falamos ainda das técnicas de decoração como a técnica do azulejo esgrafitado que consistia em raspar com um estilete até aparecer a base do azulejo; e a técnica do enxaquetado que consistia no agrupamento de azulejos a formar uma malha geométrica em xadrez utilizando elementos alternados de cores diferentes. As ranhuras que resultam deste processo podem ser preenchidas com betume ou cal da cor que se deseje. Outra solução de decoração é o azulejo de padrão em grupos de 2x2 até 12x12 que formam uma determinada composição e que, depois de repetidos várias vezes, formam um padrão.
Durante o século XVIII chega a Portugal outro tipo de azulejo originário no azulejo de Delft (Holanda) para decoração: a figura
avulsa. É um azulejo que apresenta uma decoração principal onde os motivos são muito diversificados, sendo representadas flores, animais, barcos, figuras humanas, construções, etc. Podem apresentar nos quatro cantos uns pequenos ornatos que auxiliam visualmente a ligação entre si. Entre outros locais, foram muito utilizados em lances de escada, cozinhas e sacristias de igrejas e conventos. Portugal divulgou-se mais o género de figura simples a azul enquanto que o azulejo holandês era muito mais complexo.
Foi-nos ainda dito que no momento de cozedura do azulejo este era separado por suportes chamados gazetes, era postos em fornos a uma temperatura de 1000 graus durante uma semana, e que ainda haviam umas caixas próprias para dar ao azulejo um aspecto metálico.
Em meados do século XVI, estes azulejos caracterizados pelas técnicas da corda-seca, aresta e alicatado, caem em desuso em Portugal e são substituídos por azulejos com decoração directamente pintada sobre o vidro, em técnica de majólica ou faiança que permitia pintar directamente sobre o azulejo sem qualquer risco de as cores se misturarem entre si com as altas temperaturas da cozedura.  
 Nesta altura foi ainda utilizado o óxido de estanho e chumbo para dar uma cor branca aos azulejos, normalmente no fundo.
Depois de vistas as formas de azulejos arcaicas passamos para a primeira obra-prima portuguesa em azulejo de cerca de 1580 do pintor Marçal de Matos, O Retábulo de Nossa Senhora Da Vida.
 O painel simula uma composição portuguesa de retábulo em andares sucessivos: o centro com colunas e nichos com São João Evangelista e São Lucas, representados como esculturas, ladeando uma Adoração dos Pastores simulando pintura, e acima do entablamento, a Anunciação num enquadramento de folhagem como nos medalhões das oficinas italianas dos Della Robbia, e um vazio ao meio correspondendo ao lugar de uma janela.
Para os portugueses da época o azulejo tinha de ter múltiplas faces. O azulejo tinha de ser uma peça de decoração, tinha um factor de monumentalidade, e era sobretudo transfigurativo.
 Ao contrário dos azulejo que vinham de outros países, o azulejo português não tinha o mesmo nível de perfeccionismo já que os portugueses não apreciavam. Tanto que tentaram muitas vezes nacionalizar as suas gravuras e técnicas.
 Entre os anos de 1500 a 1580 Portugal viveu momentos de grande riqueza, mas a partir de 1580 até 1680 os problemas começam a afectar o nosso país. Os altos impostos, as elevadas taxas e os 20 anos de guerra com a Espanha fizeram destes anos os piores de Portugal.
 É nesta altura que nasce o período dos artesãos simples e sem qualquer formação académica. Ainda no final do século XVI a criatividade e utilização de pouca cor predominou na primeira metade do século já que na segunda a cor voltou a fazer parte das obras.
 As grandes trocas culturais no Portugal do século XVII dão-se com tecidos orientais, e com azulejos de fabrico indiano. Aparentemente Portugal não tinha problema nenhum em utilizar motivos de outras religiões.
De 1690 até 1750 e depois de ultrapassados todos os problemas que o país vivia até então, Portugal recebe grandes riquezas do Brasil, o que permitiu uma grande renovação na arte portuguesa.
 Foi então que nesta altura se desenvolveu o estilo barroco em Portugal.
 O barroco nasceu em Roma nos finais do século XVI e era caracterizado pelo seu exagero. As suas grandes características são a talha dourada, o azulejo e a pintura.
 Na capela da rainha Dona Leonor vimos a junção destas três características divididas em vários níveis: no primeiro existiam grandes paínes de azulejo, no segundo nível existiam as pinturas que retratavam várias figuras religiosas e no ultimo nível os grandes detalhes em talha dourada.

Nos finais do século XVII o azulejo português sofreu algumas modificações. A pintura mais carregada, a definição dos traços, o enquadramento e o recorte na parte superior dos azulejos trouxe uma nova riqueza ao azulejo português da época.
 Já na parte final da nossa visita tivemos oportunidade de visitar a azulejaria de autor, modernista, moderna e contemporânea.

O azulejo volta a estar em destaque no início do século XX com a Arte Nova, através, nomeadamente, de Bordalo Pinheiro. Mas, após esse curto período, a sua utilização volta a reduzir-se. Nos anos 30, a municipalidade lisboeta chegou a proibir o seu uso, por “não se adaptar” às novas estruturas de betão...

Na década de 50, os arquitectos portugueses, num Congresso no Rio de Janeiro, viram os painéis de Portinari numa igreja, e outros revestimentos em projectos de Niemeyer.

O azulejo reaparece então em Lisboa pela mão de Maria Keil, Querubim Lapa, Jorge Barradas, Almada Negreiros e outros.


 Foi também nesta altura que surgiram os azulejos em relevo e os motivos geométriscos.
Nós na nossa escola temos trabalhos de um dos grandes artistas que fez com que o azulejo reaparecesse, Querubim Lapa. Este senhor estudou na nossa escola e formou-se na escola Superior de Belas-Artes. Começou a pintar usando uma técnica renovada, traduzida numa exuberância de cor e numa sobreposição de temas.
 Na entrada principal da nossa escola é possível ver um painel em azulejo deste autor.
Apreciação pessoal

 No geral a visita de estudo foi bastante interessante e diferente. Mas como é óbvio houve momentos que eu apreciei mais que outros.
  Por incrível que pareça, a parte que gostei mais foi a visita a capela de Dona Leonor. Tenho que admitir que aquelas colunas pormenorizadas e todo aquele exagero e brilho do estilo barroco fascinou-me. Adoro todos aqueles pormenores.
 Mas como nem tudo nos pode despertar o mesmo interesse, houve um momento que não me agradou tanto. Aquele primeiro momento das técnicas de azulejo arcaicas e do modo como eram cozidos não me chamou muito a atenção.
Conclusão

 Concluindo, esta visita de estudo serviu para adquirir-mos conhecimentos vastos e que até nos podem ajudar na realização da nossa peça no âmbito da disciplina de projecto e tecnologias.
 Assim, mesmo que no futuro não tenhamos qualquer relação profissional com o azulejo/cerâmica, o que aprendemos hoje serve de conhecimento que irá durar para o resto das nossas vidas.

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